quarta-feira, 13 de abril de 2011

Não quero mais ..

Não quero mais brincar de ser adulta.

Não quero mais ser tão responsável.
Não quero mais ter pegar o ônibus. Não quero mais ter que enfrentar uma fila de banco.
Não quero mais ter que chegar em casa e ir pro meu quarto. Não quero mais ter que preocupar em trocar o lixo da cozinha.
Não quero mais ter que controlar as contas. Não quero mais ter que brigar com a moça do telemarketing.
Não quero mais escutar o despertador gritando as 7 da manhã "se você não acordar ninguém vai vim fazer isso por você." (porque é isso que eu escuto ele dizer)
Não quero mais ter que trocar a lâmpada sozinha. Não quero ter que aprender que as roupas coloridas não se misturam com as brancas.
Não quero mais ter que abrir o armário pra ver se tem comida pra fazer o almoço.
Não quero mais ter que escutar comentários na rua enquanto caminho pra onde preciso (porque é isso que eu faço, eu caminho).
Não quero mais ter que chegar em casa e não ter um colo pra deitar.
Não quero ter que ligar na farmácia e pedir pra trazerem os remédios quando eu tiver alguma coisa.
Não quero ter que alçar vôos tão longos sem a segurança de que não irei cair.
Não quero mais ter a sensação de que pode acontecer algo e eu não te aproveitei o tanto que eu podia.

Sabe o que eu quero? Quero não ter que fazer nada disso aí e voltar pra debaixo das asas que tanto me protegem, quase pra dentro do útero que colocou no mundo, porque lá ... ah, lá eu não tinha que enfrentar tanta coisa, no máximo um cordão umbilical que ficava se enroscando em mim e nadando em todo aquele líquifo amniótico. Lá sim, as coisas eram mais fáceis, tudo o que eu tinha que me preocupar era em sair daquele lugar escuro - mas aconchegante - esperar que alguém me limpasse, e me pusesse bem rente ao peito de quem eu realmente tinha certeza que ía me amar pra sempre, sim, sempre.

A liberdade de "poder fazer" tanta coisa é bom, saibam, é realmente bom. Qual jovem não sonha em sair de casa e poder fazer o que quiser, sair sem dar explicações, fazer o que bem entender, fazer o que der na cabeça, não ter "encheções de saco" o tempo todo, não ter alguém dizendo o que você pode ou não fazer, ter a total liberdade ... claro que isso é bom, mas pense que um dia você terá isso, de uma forma ou de outra.

A dica que eu dou hoje, pra quem quer que seja que venha me perguntar: "É bom morar sozinha?" , eu digo: "Sim, é ótimo. Mas tem uma coisa melhor, continue do lado de quem realmente te ama (sua mãe, seu pai, seu irmão, sua irmã) e que você tem certeza de que dará a vida por você, aproveite essas pessoas o máximo de tempo que você puder, tem o lado difícil, mas saiba que o lado bom, que é o carinho e todo amor que você recebe, vai compensar qualquer lado ruim que você possa vir a enfrentar um dia. Então fique, aproveite o que você puder e enquanto puder, pois só na ausência dessas pessoas que você percebe o quanto elas são realmente importantes na sua vida."


É isso, sintam o mais puro sentimento de saudade com todas essas palavras - carregadas de uma experiência 'boa', embora árdua, de alguém que com apenas 21 anos, que com certeza não passou por muitas dificuldades, mas que aprendeu com as que teve que lidar.

3 comentários:

  1. Você descreveu boa parte das jovens (des)acomodados de nossa geração. Eu mesma, em dados momentos brancos, sinto isso.(Moro com uma irma). E é normal! A nossa sociedade valoriza o sacrifício, o trabalho - pura ótica protestante. É quase que como para crescer, bem como para enriquecer, precisássemos fazer mil e um sacrifícios.. se nos fosse entregue em mãos, que graça teria..que prestígio? Eu tenho lá minha meia-dúzia de críticas quanto a isso, mas não deixo de escapar da armadilha... no fim das contas.. é um meio mesmo.. um meio para crescermos ..atingirmos nossos fins.. profissionais, pessois.. E, como tudo.. um custo de oportunidade: abre-se mão de x coisas em prol de outras y.. Mas só DEUS e nós sabemos.. o preço (alto, muitas vezes) que pagamos... quantificado em saudade..em stress.. em medo.. you name it.. Quanto mesmo vale o show? Se for para nós mesmos e uma platéia querida.. vale a pena..mas que nao o paguemos para um grande público que sequer conhecemos. (Bom texto e excelente nome para o Blog).

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  2. realmente é um saco. as vezes dá vontade de desistir de tudo, de desistir de ser forte e responsável porque quase nunca reconhecem nossos esforços. mas no fim a recompensa é pra gente e só pra gente. e é por isso que vale a pena;


    te amo best.

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  3. aah. amei o novo visuual :)

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